Em âmbitos pictóricos, venho realizando pesquisas focadas no aspecto material dos suportes sobre os quais trabalho posteriormente. Esta dimensão de minha produção está relacionada com as paredes da antiguidade, que, por sua vez, eram suporte para manifestações artísticas, tanto de cunho erudito, encomendadas para decorar paredes de casas da elite, quanto de cunho popular, pichadas sobre as mesmas pinturas elaboradas e refinadas das Villas e Domus senhoriais.
O interesse principal é o de lançar mão de materiais análogos àqueles usados na antiguidade, e que ainda são utilizados na construção civil contemporânea, como gesso e cimento, para criar superfícies que remetem às superfícies das paredes antigas. Então, a partir desta abordagem, sobre os suportes criados, lançar mão de recursos gráficos e pictóricos, investigando questões relacionadas à imagem e à representação.
Este processo me permite tocar, manipular, aferir pessoalmente, como os materiais conversam entre si e conduzem a prática. A contingência engendrada pelos materiais utilizados é fundamental para a Prática da Abertura da Boca. É esta contingência que estabelece as relações anacrônicas formais e processuais entre o que estou fazendo na contemporaneidade e aquilo que foi feito na antiguidade.